manuskritica

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Pensava eu que, passados quase 80 (!) anos, da chegada ao poder do dr. salazar, que não veria mais um indivíduo com uma profunda, ainda que duvidosa, formação religiosa discursar a esse país de nome Portugal.
Enganei-me, mas não me surpreendi.

Segundo o governante, as receitas fiscais principais, IRS E IRC, não chegam para cobrir as despesas com a educação, a saúde, os transportes ou as rendas das habitações. Mas chega para adquirir submarinos, em detrimento de meios de combate a fogos florestais?.. Não chega para direitos consagrados na Constituição como são a saúde e a educação, mas parece suficiente para ter termos soldadinhos de chumbo – e vinho tinto – numa guerra que não nos diz respeito ou para renovar a frota automóvel dos “bétinhos de cascais” que agora se vêem sentados em luxuosos gabinetes, sem saber exactamente o que por lá andam a fazer...

O aumento das taxas moderadoras nas instituições de saúde públicas, também me parece mais uma medida “à la salazar” (sim, o s foi deixado minúsculo propositadamente…), segundo o Cónego Bagão, a referida taxa será paga consoante o rendimento apresentado por cada cidadão… será que esta medida também se aplica àqueles senhores que apresentam salários mínimos nacionais na sua folha de rendimentos, mas que andam de helicóptero?.. ou àqueles que apelam à contenção, mas que para exercer funções no actual executivo suspendem (não abdicam) os inúmeros cargos de administração que possuem nos maiores grupos empresariais portugueses?..
Ou quiçá àqueles patrões da banca nacional que executam fusões entre bancos e outras instituições de crédito para, posteriormente, colocar a massa a render num off-shore não muito longe daqui… Madeira, Gibraltar e tal, e tal…

É a diferença básica entre esquerda e a direita, enquanto que os executivos de esquerda procuram com que o povo viva em condições condignas à sua existência, isto é, elaboram-se planos orçamentais e governativos em prol das populações e não em benefício do aparelho de Estado.
Com as políticas de direita, passa-se precisamente o contrário, o Estado, e quem tem mão no leme, procura, por todos os meios, enriquecer as contas públicas, mas não com o objectivo de as redistribuir condignamente pelo povo, ou de investir no melhoramento das infra-estruturas de saúde, educação ou transportes. Os objectivos, neste caso, são mais mórbidos e egoístas: amealha-se muito ouro e muita receita fiscal, só por amealhar, e se o responsável pelas finanças públicas o deixar, actualmente o detentor da pasta é o Cónego Bagão, compra-se uns carritos, faz-se umas férias em Angra dos Reis e dá-se um saltinho às Ilhas Baleares com o fim explícito de travar conhecimento com umas turistas libertinas e se as meninas até dominarem relativamente bem a língua portuguesa, até pode ser que acabem como assessoras de imagem ou de imprensa do executivo…

Citando Emir Kusturica “Era Uma Vez Um País…”