quarta-feira, novembro 08, 2006
Dever Cívico
manuskritica@gmail.com
Tal como todos sabemos, as campanhas eleitorais são profícuas em promessas que ficam por cumprir e em vãs juras de tarefas – como tal, nunca chegam a ser promessas – que alguns politiqueiros insistem em denominar de “projectos a levar a cabo” ou simplesmente que “são coisas que nos preocupam, mas (não) vamos pensar nisso...”.
Ora bem, em Fare, tanto o actual presidente do executivo como o anterior, realçaram, nas balelas que proferiram, a questão da cidadania e da “constante interacção entre o executivo camarário e os cidadãos”, que eles denominam de munícipes. Nesta perspectiva, o Gabinete do Utente sempre foi a mais-valia apresentada para aldrabar qualquer interessado em apresentar as suas queixas.
A “Manuskritica” foi também efectuar o seu direito de cidadania e deparou-se com... com quem?!..
Funcionária do Gabinete do Utente (FGU): - Mas, Sr. Dr., você já não é o presidente, para quê tanta ordem e tanta queixa?!
Zé Vítor (ZV): - Mas eu quero apresentar as minhas queixas como munícipe.
FGU: - Mas você não é vereador?
ZV: - Ser, sou, mas o actual presidente não me deu nenhum pelouro, nem me ouve...
FGU: - Isso já não sei, mas queixe-se na Assembleia Municipal, homem...
ZV: - Mau. Ainda agora era Sr. Dr e tal, agora sou só homem?!
FGU: - Então, não é homem?!
ZV: - Então não sou?! E muito homem.
FGU: - Então...
ZV: - Bom, atalhando caminho... se o actual presidente não me ouve, nem sequer na Assembleia Municipal... eu quero apresentar uma queixa quanto a isso.
FGU: - Muito bem, está no seu direito. Mas é coisa para demorar muito tempo? É que já são 11 horas e estou quase a sair para o almoço...
ZV: - Almoça tão cedo?
FGU: - Não. Mas ainda tenho de ir beber 2 cafés, fumar 4 cigarros, bisbilhotar um bocado com o pessoal da Tesouraria, ler o “Correio da Manhã”, a “Maria” e a “TV 7 Dias” e, além disso, ainda tenho de ir 6 vezes ao WC...
ZV: - OK. De qualquer forma, já não estou cá para controlar isso...
FGU: - E ainda bem. Porque aquilo de mijar à pressa e beber cafés daquela chaleira ferrugenta não estava com nada...
ZV: - Mas poupou-se umas massas com essas medidas.
FGU: - Foi? Olhe, que não se nota nada. Pelo menos é o que diz o presidente.
ZV: - Eu digo isso?!..
FGU: - Chiça. Não, o actual presidente é que o diz. Mas ainda não lhe disseram que já não é presidente?!
ZV: - Ah, pois é... já me disseram já... mas custa muito ainda aceitar isso...
FGU: - Sim, sim... então, diga lá de sua justiça.
ZV: - Eu?!
FGU: - Ai, a barraca. Sim, você, homem. Então não está aqui para apresentar uma queixa?!
ZV: - Ah, claro. Claro que estou. Então é assim...
FGU (bocejando): - Sim...
ZV: - Eu exijo, sublinhe aí o exijo, que o actual presidente me dê algum “pelourozinho” que seja e que me ouça nas Assembleias Municipais.
FGU: - Não sei se tenho formulários para isso...
ZV: - Como não tem?! Que raio de serviço é este?!
FGU: - Foi um serviço criado por você, ou reformulado, sei lá... lembra-se?
ZV: - Pois foi. E não tratei disso na altura?
FGU: - Nops.
ZV: - Nops?!
FGU: - Sim, nops. Quer dizer qualquer coisa como: Não, cacete! Não fez nada disso.
ZV: - OK.
FGU: - OK ou KO? É que se não temos esse tal formulário...
ZV: - Pois é. Olhe, vou propor isso na Assembleia Municipal.
FGU: - Boa ideia. Faça isso.
ZV: - Então, boa tarde. Para a semana volto cá. (e sai.)
FGU: - Claro que volta. – e dá um grito tremendo –: Próximo! Exma. Cegonha do Arco da Vila, o que a traz por cá?..
Cegonha do Arco da Vila: - Eh pá, venho queixar-me dos sacanas dos pombos do Jardim Manuel Bivar, que todos os dias me cagam o ninho de alto a baixo. Isto não pode continuar...
Publicado também in «Algarve Press», de 7 de Novembro de 2006
Tal como todos sabemos, as campanhas eleitorais são profícuas em promessas que ficam por cumprir e em vãs juras de tarefas – como tal, nunca chegam a ser promessas – que alguns politiqueiros insistem em denominar de “projectos a levar a cabo” ou simplesmente que “são coisas que nos preocupam, mas (não) vamos pensar nisso...”.
Ora bem, em Fare, tanto o actual presidente do executivo como o anterior, realçaram, nas balelas que proferiram, a questão da cidadania e da “constante interacção entre o executivo camarário e os cidadãos”, que eles denominam de munícipes. Nesta perspectiva, o Gabinete do Utente sempre foi a mais-valia apresentada para aldrabar qualquer interessado em apresentar as suas queixas.
A “Manuskritica” foi também efectuar o seu direito de cidadania e deparou-se com... com quem?!..
Funcionária do Gabinete do Utente (FGU): - Mas, Sr. Dr., você já não é o presidente, para quê tanta ordem e tanta queixa?!
Zé Vítor (ZV): - Mas eu quero apresentar as minhas queixas como munícipe.
FGU: - Mas você não é vereador?
ZV: - Ser, sou, mas o actual presidente não me deu nenhum pelouro, nem me ouve...
FGU: - Isso já não sei, mas queixe-se na Assembleia Municipal, homem...
ZV: - Mau. Ainda agora era Sr. Dr e tal, agora sou só homem?!
FGU: - Então, não é homem?!
ZV: - Então não sou?! E muito homem.
FGU: - Então...
ZV: - Bom, atalhando caminho... se o actual presidente não me ouve, nem sequer na Assembleia Municipal... eu quero apresentar uma queixa quanto a isso.
FGU: - Muito bem, está no seu direito. Mas é coisa para demorar muito tempo? É que já são 11 horas e estou quase a sair para o almoço...
ZV: - Almoça tão cedo?
FGU: - Não. Mas ainda tenho de ir beber 2 cafés, fumar 4 cigarros, bisbilhotar um bocado com o pessoal da Tesouraria, ler o “Correio da Manhã”, a “Maria” e a “TV 7 Dias” e, além disso, ainda tenho de ir 6 vezes ao WC...
ZV: - OK. De qualquer forma, já não estou cá para controlar isso...
FGU: - E ainda bem. Porque aquilo de mijar à pressa e beber cafés daquela chaleira ferrugenta não estava com nada...
ZV: - Mas poupou-se umas massas com essas medidas.
FGU: - Foi? Olhe, que não se nota nada. Pelo menos é o que diz o presidente.
ZV: - Eu digo isso?!..
FGU: - Chiça. Não, o actual presidente é que o diz. Mas ainda não lhe disseram que já não é presidente?!
ZV: - Ah, pois é... já me disseram já... mas custa muito ainda aceitar isso...
FGU: - Sim, sim... então, diga lá de sua justiça.
ZV: - Eu?!
FGU: - Ai, a barraca. Sim, você, homem. Então não está aqui para apresentar uma queixa?!
ZV: - Ah, claro. Claro que estou. Então é assim...
FGU (bocejando): - Sim...
ZV: - Eu exijo, sublinhe aí o exijo, que o actual presidente me dê algum “pelourozinho” que seja e que me ouça nas Assembleias Municipais.
FGU: - Não sei se tenho formulários para isso...
ZV: - Como não tem?! Que raio de serviço é este?!
FGU: - Foi um serviço criado por você, ou reformulado, sei lá... lembra-se?
ZV: - Pois foi. E não tratei disso na altura?
FGU: - Nops.
ZV: - Nops?!
FGU: - Sim, nops. Quer dizer qualquer coisa como: Não, cacete! Não fez nada disso.
ZV: - OK.
FGU: - OK ou KO? É que se não temos esse tal formulário...
ZV: - Pois é. Olhe, vou propor isso na Assembleia Municipal.
FGU: - Boa ideia. Faça isso.
ZV: - Então, boa tarde. Para a semana volto cá. (e sai.)
FGU: - Claro que volta. – e dá um grito tremendo –: Próximo! Exma. Cegonha do Arco da Vila, o que a traz por cá?..
Cegonha do Arco da Vila: - Eh pá, venho queixar-me dos sacanas dos pombos do Jardim Manuel Bivar, que todos os dias me cagam o ninho de alto a baixo. Isto não pode continuar...
Publicado também in «Algarve Press», de 7 de Novembro de 2006
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