quinta-feira, novembro 30, 2006

 

Ilha ou Dique?!

manuskritica@gmail.com


“Nas suítes de um dos hotéis ter-se-á uma vista privilegiada para os fardos de coca e de haxixe que povoam o fundo do mar do nosso belo Algarve”, afirma Stander Van Guelras, ao apontar algumas das grandes vantagens da construção da ilha artificial em frente a Vale de Lobo

O Algarve chocou-se há uns tempos com a intenção de o pioneiro do turismo de luxo na região, Stander Van Guelras, em construir uma ilha artificial defronte do empreendimento turístico de Vale do Lobo.
Mediante tal projecto de ficção científica, a Manuskritica quis ouvir o homem por detrás desta ideia mirabolante e aferir das reais possibilidades desta obra espafalhatosa e, já agora, tentar arranjar uns free-pass para a malta...

A preocupação da Vipalhada relativamente aos mirones, espreitões e outros curiosos suspeitos parece ter os dias contados, já que o dinossauro do turismo algarvio, Stander Van Guelras, tenciona, e irá concretizar certamente, avançar com a construção de uma ilha artificial entre as praias do Garrão e do Julia’s.

No Dubai está a fazer-se o mesmo, só que o Dubai tem tanta costa e tantas praias como Trás-os-Montes, daí que se perceba, até certo ponto, a construção desse tipo de infra-estruturas, agora no Algarve fazer o mesmo?! É o mesmo que chover no molhado ou como ver o Zé Castelo-Roto numa manifestação anti-gay, não faz sentido nenhum.

Ainda que alguns Vip’s da alta sociedade andem eufóricos com a ideia e com a possibilidade de se poderem refugiar nesse paraíso artificial e onde a escumalha, como eu próprio, não os chateia nem lança olhares invejosos e até violentos. Eu, por mim, estou-me bem a lixar para os que eles façam ou para quantos iates têm, ainda que isto seja bom para o povinho, ou seja, sempre nos livramos desses gajos da alta que andam há anos a poluir as nossas praias.

Segundo, Stander Van Guelras, “este projecto permitirá o acesso dos algarvios a algumas praias famosas do Algarve, isto é, ao enviar todos aqueles betos, novos-ricos, velhos-ricos e os empresários da bola falidos para a nova ilha estamos a contribuir decisivamente para o aumento da qualidade de vida dos indígenas”. Adiantando que “vamos criar várias atracções nesta estrutura como um oceanário submarino de tubarões-políticos, tubarões-banqueiros e lontras humanas que mais não fazem do que encher a pança e viver dos rendimentos da lavagem de capitais, isto para quem estiver em condições de pagar o bilhete que se situará entre os 2000 e os 5000 dólares, por cada meia hora, ou o bilhete anual de 10.000 dólares, sim, porque isso de euros é para pobres, aquilo lá vai trabalhar tudo ao som do dólar. Teremos também hotéis de 8 estrelas, onde o cliente terá direito a luxos como as prostitutas que, normalmente, fazem companhia à selecção nacional e a grandes clubes europeus, também nas suítes de um dos hotéis ter-se-á uma vista privilegiada para os fardos de coca e de haxixe que povoam o fundo do mar do nosso belo Algarve”

Quanto à intenção de a autarquia de Faro em querer associar-se a este projecto, através do fornecimento de barcos da carreira para facilitar o acesso à ilha, Stander Van Guelras, tentou suicidar-se mas as balas do revólver eram de pólvora seca e apenas ficou surdo momentaneamente do ouvido direito, mas, infelizmente, já recuperou.

Questionado sobre os prováveis problemas de erosão costeira que esta ilha de betão e ferro irá provocar, Stander Van Guelras foi taxativo “então, se eu vou investir nesta coisa cerca de 750 milhões de euros, acha que estou preocupado sobre o que 2 ou 3 ambientalistas de esquerda pensam? Nada que uma estadia paga na ilha, com direito às meninas da selecção, não resolva” sublinhou.

Sobre o facto de a ilha situar-se a “apenas” 250 metros da costa e que pode permitir o acesso a pessoas indesejáveis e aos tais mirones, designadamente os bons nadadores, Van Guelras apontou uma solução “isto está a ser estudado, mas em princípio faremos uma parceria com o (des)governo português e solicitaremos que a protecção da área circundante seja feita pelos militares que venham das missões do Afeganistão, Iraque e Kosovo e também pediremos à Direcção-Geral dos Serviços Prisionais que nos forneçam recursos humanos, como os indivíduos de leste considerados perigosos e assim, através da bastonada e de tortura medieval, serão facilmente anulados esses perigos” adiantando que “se iremos ter tubarões brancos à porta como porteiros, temos que os alimentar não é? Então, que venham esses mirones que a comida para tubarão está cara...”

Quanto aos obstáculos que o (des)governo irá apresentar relativamente à construção da estrutura, Stander Van Guelras afirma simplesmente que “se tenho o Mendes Bota na Assembleia da República é para quê?!” elucidativo.

Publicado também in «Algarve Press», de 28 de Novembro de 2006


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