quarta-feira, janeiro 10, 2007
Última Edição
manuskritica@gmail.com
Cá está ele:
" «Os Elementos do Natal»
Sendo a dramaturgia um formato de uma arte tão apreciada como é a do teatro, não poderíamos deixar de passar esta época festiva sem um dos excertos de um dos clássicos dos mais conhecidos do teatro português: «Os Elementos do Natal», da autoria se Zé Sobreiro. – para quando o Nobel para este homem das artes e (da falta) de bom senso?!.. –
III ACTO
(...) quando o frenesim se apoderou do palco, alguns dos elementos do Natal, ao menos os presentes.., ponderavam chegar a uma conclusão quanto ao destino a dar ao que lhes fora proposto.
Pai Natal (PN): - Então, bacalhau, o que é que dizes a isto? Fazemos a Consoada à nossa maneira ou não?!..
Bacalhau (BLH): - Eh pá, olha que não sei. O peru está a sentir-se um bocado agoniado.
PN: - Isso deve ser do vinho que bebeu a mais, quando estava a ser recheado...
BLH: - Achas?..
PN: - Acho, não,.. tenho a certeza. Pergunta-lhe lá.
BLH: Peru, como é? Estás camadas de mal-disposto (ou mal disposto?..)?
Peru (PR) – visivelmente irritado – : - Mal disposto?! Achas que estou mal disposto?! Encheram-me de molhos, de amêndoas, nozes, passas e o diabo-a-sete... achas que é razão para estar contente com tudo isto?!
BLH: - Eh pá, tem calma. Não ‘tou a ajuizar nada nem ninguém.
PR: - E ainda bem que não estás, peixe seco do caraças.
BLH: - Oi, oi. Calma aí, não estou a ofender ninguém.
PR: - Está bem, está. Carcaça de anfíbio.
BLH: - Não sou anfíbio.
PR: - Pois não, és peixe seco...
(o Pai Natal interrompe):
- Amigos, vamos a ter calma. Estamos todos juntos nisto. Os humanos precisam de nós. Isto é uma equipa e eu sou o chefe, portanto...
Passas: - Chefe?! Chefe?! E nós?!.. Sem nós, não havia Natal, nem nada que se parecesse.
PN: - Mas alguém já disse a estas uvas ressequidas que elas só entram daqui a uma semana?!..
Passas:- Ups! Pois é. Desculpem lá a interrupção. Voltamos daqui a semana.
BLH (já em fúria acentuada): - E o destaque vai todo para aquele menino no fardo de palha...
PN: - Não é um fardo de palha, é um monte de feno e tem 3 reis só para o abençoar.
BLH: É?! É?! E eu que passo o ano todo naquelas águas frias, para depois vir servir as famílias nesta data tão religiosa?..
PN: - Queres comparar-te ao menino?!..
PR: - Concordo com o bacalhau ressequido. Porque não haveríamos de nos comparar com o menino?.. Glu, Glu,..
PN: - Porque o puto tem 2006 anos, que tal como justificação?!..
PR: - Não está mal, mas não me convence.
BLH: - Por exemplo, no presépio de Faro, naquele falo gigante da baixa, o menino foi roubado. Não podiam pôr-me a mim lá?..
PN: - Um bacalhau no lugar do menino?!
BLH: - E depois? Qual é o problema? Em terra-seca não vou a lugar nenhum, ele também não; não faço predições, ele também não, pois é um menino..; o puto ‘tá nu, eu também.. tirando quando me colocam com batatas e grão ou natas; o puto não sabe ao certo quem é a mãe e o pai, eu também não...
PR: - Passou-se, só pode. E eu?! Com esta voz de tenor?! Bem podia ser o novo profeta. Hã? O que acham?! Glu, Glu – vejam bem – glu, glu, gluuuuu...
PN: - Eh pá, são capazes de se calar?! Que porcaria é esta?! Querem substituir-se ao JC?!
BLH: - JC?!.. É algum profeta?..
PN: - E não foi?!
PR: - Aí, concordo com o bacalhau seco. Foi, já não é.
PN: - Acham mesmo?! E as igrejas, catedrais e outros símbolos que se ergueram em seu louvor?..
BLH: - Grande tanga. Também por ti, até a Coca-Cola fez milagres... por falar nisso, e a nossa comissão?..
PN: - Comissão?!..
PR: - Sim, macaco de barbas, de nos termos associado a ti. A fama e o proveito são só teus, nós os 2, eu e o artófico do bacalhau, só temos fama na panela. (...)
(entretanto a violência generalizou-se e até as passas acabaram por ser cozidas... se bem que o repasto com o Rei da Lapónia, acompanhado de Peru, Bacalhau e Passas, possa soar um bocado a intragável... para mais, com um fato da Coca-Cola com quase 80 anos e a cheirar a bafio...)"
Continuará... acham eles...
Cá está ele:
" «Os Elementos do Natal»
Sendo a dramaturgia um formato de uma arte tão apreciada como é a do teatro, não poderíamos deixar de passar esta época festiva sem um dos excertos de um dos clássicos dos mais conhecidos do teatro português: «Os Elementos do Natal», da autoria se Zé Sobreiro. – para quando o Nobel para este homem das artes e (da falta) de bom senso?!.. –
III ACTO
(...) quando o frenesim se apoderou do palco, alguns dos elementos do Natal, ao menos os presentes.., ponderavam chegar a uma conclusão quanto ao destino a dar ao que lhes fora proposto.
Pai Natal (PN): - Então, bacalhau, o que é que dizes a isto? Fazemos a Consoada à nossa maneira ou não?!..
Bacalhau (BLH): - Eh pá, olha que não sei. O peru está a sentir-se um bocado agoniado.
PN: - Isso deve ser do vinho que bebeu a mais, quando estava a ser recheado...
BLH: - Achas?..
PN: - Acho, não,.. tenho a certeza. Pergunta-lhe lá.
BLH: Peru, como é? Estás camadas de mal-disposto (ou mal disposto?..)?
Peru (PR) – visivelmente irritado – : - Mal disposto?! Achas que estou mal disposto?! Encheram-me de molhos, de amêndoas, nozes, passas e o diabo-a-sete... achas que é razão para estar contente com tudo isto?!
BLH: - Eh pá, tem calma. Não ‘tou a ajuizar nada nem ninguém.
PR: - E ainda bem que não estás, peixe seco do caraças.
BLH: - Oi, oi. Calma aí, não estou a ofender ninguém.
PR: - Está bem, está. Carcaça de anfíbio.
BLH: - Não sou anfíbio.
PR: - Pois não, és peixe seco...
(o Pai Natal interrompe):
- Amigos, vamos a ter calma. Estamos todos juntos nisto. Os humanos precisam de nós. Isto é uma equipa e eu sou o chefe, portanto...
Passas: - Chefe?! Chefe?! E nós?!.. Sem nós, não havia Natal, nem nada que se parecesse.
PN: - Mas alguém já disse a estas uvas ressequidas que elas só entram daqui a uma semana?!..
Passas:- Ups! Pois é. Desculpem lá a interrupção. Voltamos daqui a semana.
BLH (já em fúria acentuada): - E o destaque vai todo para aquele menino no fardo de palha...
PN: - Não é um fardo de palha, é um monte de feno e tem 3 reis só para o abençoar.
BLH: É?! É?! E eu que passo o ano todo naquelas águas frias, para depois vir servir as famílias nesta data tão religiosa?..
PN: - Queres comparar-te ao menino?!..
PR: - Concordo com o bacalhau ressequido. Porque não haveríamos de nos comparar com o menino?.. Glu, Glu,..
PN: - Porque o puto tem 2006 anos, que tal como justificação?!..
PR: - Não está mal, mas não me convence.
BLH: - Por exemplo, no presépio de Faro, naquele falo gigante da baixa, o menino foi roubado. Não podiam pôr-me a mim lá?..
PN: - Um bacalhau no lugar do menino?!
BLH: - E depois? Qual é o problema? Em terra-seca não vou a lugar nenhum, ele também não; não faço predições, ele também não, pois é um menino..; o puto ‘tá nu, eu também.. tirando quando me colocam com batatas e grão ou natas; o puto não sabe ao certo quem é a mãe e o pai, eu também não...
PR: - Passou-se, só pode. E eu?! Com esta voz de tenor?! Bem podia ser o novo profeta. Hã? O que acham?! Glu, Glu – vejam bem – glu, glu, gluuuuu...
PN: - Eh pá, são capazes de se calar?! Que porcaria é esta?! Querem substituir-se ao JC?!
BLH: - JC?!.. É algum profeta?..
PN: - E não foi?!
PR: - Aí, concordo com o bacalhau seco. Foi, já não é.
PN: - Acham mesmo?! E as igrejas, catedrais e outros símbolos que se ergueram em seu louvor?..
BLH: - Grande tanga. Também por ti, até a Coca-Cola fez milagres... por falar nisso, e a nossa comissão?..
PN: - Comissão?!..
PR: - Sim, macaco de barbas, de nos termos associado a ti. A fama e o proveito são só teus, nós os 2, eu e o artófico do bacalhau, só temos fama na panela. (...)
(entretanto a violência generalizou-se e até as passas acabaram por ser cozidas... se bem que o repasto com o Rei da Lapónia, acompanhado de Peru, Bacalhau e Passas, possa soar um bocado a intragável... para mais, com um fato da Coca-Cola com quase 80 anos e a cheirar a bafio...)"
Continuará... acham eles...
Comentários:
<< Página inicial
Cara Conceição,
Não sei se percebeu, mas isto era uma tentativa de fábula de Natal.
Isto é, precisamente para kriticar essa fobia pelos bens materiais de que a sociedade actual padece.
Cumprimentos,
Zé Sobreiro
Enviar um comentário
Não sei se percebeu, mas isto era uma tentativa de fábula de Natal.
Isto é, precisamente para kriticar essa fobia pelos bens materiais de que a sociedade actual padece.
Cumprimentos,
Zé Sobreiro
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial
Subscrever Mensagens [Atom]