quinta-feira, setembro 06, 2007

 

Ser Professor...

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Estará mesmo Portugal em vias de desenvolvimento? Quando se fala em vias de desenvolvimento, um dos indicadores fulcrais é o nível de literacia e a taxa de analfabetismo da população; ora, para isso é preciso haver um ministério da educação (foi propositadamente deixado em minúsculas) composto por um staff com capacidade de detectar as lacunas e falhas e colmatá-las com medidas enérgicas e estruturais.

Todo este paleio para chegar à maior vergonha dos últimos tempos no nosso país: a colocação de professores. Sinceramente, nem sei bem por onde começar… talvez pelos últimos acontecimentos.
No que é referente às necessidades residuais, isto é, às necessidades que as escolas terão – as próprias o admitem –, vão ficar de fora, entre professores de quadro de escola, de quadro de zona pedagógica e de candidatos à contratação, cerca de 48.000, sim, não é gralha, são mesmo 48.000 professores. Ora se isto não é o maior despedimento de sempre em Portugal, é o quê?!

Mas o mais absurdo nisto tudo é que é o próprio ministério (há-de continuar minúsculo…) a admitir que não coloca professores porque não quer. Duvidam?.. Eu não. Esse grupo de pessoas que se auto-intitulam como técnicos responsáveis e competentes são os primeiros a vir à praça pública afirmar que “as escolas públicas tinham no último ano lectivo menos 7.450 professores do que no ano anterior, enquanto que o número global de alunos na Rede do Estado aumentou 13.472.” Eh pá, isto é o quê? Não colocam os professores, mas há mais 13.472 alunos?! Sinceramente, custa-me acreditar que o Engenheiro Sócras não veja a inoperância deste mini-ministério…

Outro facto curioso é a ministra da pasta ir às TV’s tentar esclarecer os interessados. É trágico-cómico. Às perguntas do pivot da SIC a senhora respondia com frases feitas e dados estatísticos. Às interpelações do jornalista quanto ao facto de, precisamente, não ter respondido a qualquer questão colocada, adivinhem... isso, mais frases feitas e dados estatísticos. Mas uma das declarações mais curiosas surgiu num comunicado do ministériozinho, onde a mesma senhora afirma que “o desemprego nos professores aumentou porque existe um desajuste entre a oferta de formação superior e as necessidades da rede escolar”. Desculpe, pode repetir?.. Então, mas pagamos-lhe esse brutal salário para quê? Não será para, entre outras coisas, corrigir esse “desajuste entre a oferta de formação superior e as necessidades da rede escolar”?!..

Tony Blair, quando tomou posse, uma das primeiras áreas onde mexeu foi na educação. E porquê? Porque o ensino na Grã-Bretanha estava um caos e os professores tinham dificuldades em ser colocados ou eram colocados longe de casa e andavam com o coração nas mãos. Faz lembrar alguma coisa? Blair tomou como eixo principal a redução do número de alunos por sala de aula, onde eram cerca de 30 alunos por sala –faz lembrar alguma coisa? –, e o aproveitamento deixava muito a desejar – faz lembrar alguma coisa? –; com essa redução conseguiu simplesmente o seguinte: criar uma maior empatia entre professor e aluno e, simultaneamente, o nível de aproveitamento escolar subiu consideravelmente e o desemprego nos professores deixou praticamente de existir. Claro que, paralelamente, procurou corrigir o tal desajuste entre a oferta de formação superior e as necessidades da rede escolar.

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